A sociedade contemporânea vivência uma situação paradoxal: se de um
lado há o desejo de consumir, por outro, torna-se visível a necessidade de preservação dos recursos naturais e a manutenção do equilíbrio ambiental, de forma a garantir a sobrevivência do consumo e do próprio consumidor.
Se não estivermos sempre consumindo, o modelo econômico capitalista corre o risco de extinguir-se; mas se mantivermos os níveis de consumo atuais, sem preocupação com o meio ambiente, então nós é que corremos o risco da extinção. A solução apontada para o problema é a ideia do consumo sustentável, baseada na simples conscientização dos consumidores, igualando a condição de consumidor e cidadão como se sinônimos fossem. Entretanto, não nos parece ser esta a solução mais adequada.
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Quando pensamos no estímulo ao consumo excessivo, na notória influência das emoções/sentimentos sobre a decisão de comprar do consumidor, e ainda nas questões culturais, relacionadas ao imediatismo e a certa despreocupação com as contas/parcelas/financiamento em longo prazo, torna-se lógico afirmar que a estratégia do consumo sustentável baseada na simples conscientização do consumidor mostra-se ineficaz.
A vida do consumidor é pautada pela velocidade, pelo excesso, o desprezo pelas necessidades do ontem e pelo que se tornou planejadamente obsoleto demonstra a cultura irresponsável pautada pelo imediatismo e pelo desperdício. Não há que se falar em mudança no padrão de comportamento e, consequentemente, no padrão de consumo sem que se passe necessariamente por uma mudança cultural.
A situação atual demanda uma revalorização da sociedade em seus múltiplos aspectos, enfatizando-se a necessidade de condutas éticas que estejam em conformidade com os problemas vigentes. O caminho? Sem pretensão de resposta, passa pela quebra da ideia de desenvolvimento observado tão somente a partir do ponto de vista econômico, mas entende-la de uma forma mais abrangente: um novo comportamento, mais ético e apto a pensar na sustentabilidade como tema não apenas do presente, mas como condição de sobrevivência, de dignidade às gerações futuras. Do contrário, é insustentável falarmos em futuro. Eis o custo.